Carolina Kasting

 

O QUE SEPARA E UNE, MATERIAL E IMATERIAL?

Em residência na RAMA, a partir da imersão no bioma da região rural das aldeias de Maceira e Alfeiria, no concelho de Torres Vedras, com foco na linguagem performática e interrelacional com a paisagem e comunidade locais, o território, a cultura, e os saberes tradicionais, meu objetivo será encontrar uma zona de intersecção entre o bioma e o corpo/mulher. Buscar relações poéticas entre materialidades do organismo corpóreo humano e a natureza, me pergunto onde estará esta zona de interseccionalidade. Quais as tensões que surgem entre o corpo urbano estrangeiro da artista e as formas, linhas, texturas e ciclos da flora e paisagem local? Corpo e natureza, ambos atores do feminino na sazonalidade e transformação.

Lançarei mão de práticas abordadas no ateliê, como cerâmica e tecituras matriarco ancestrais, de rede, tricô, crochê e outras tramas que possam surgir absorvidas da cultura regional onde Rama está inserida. Técnicas de monotipia, tendo como matriz o corpo e outros materiais recolhidos do bioma, também darão forma à poética emergente desta intersecção. Material e imaterial se unem e se separam a partir do diálogo que se dará com o bioma e população, com foco na sustentabilidade e ecologia ao serem utilizados materiais do ambiente e produção local.

Kasting estabelece sua poética na representação simbólica do corpo, partindo deste como um campo político. O corpo como território, lugar de uma fala feminista e decolonial, instrumento de ressignificação, re-existência e desterritorialidade, sujeito em ação na foto-
performance, entintado para gravar a monotipia, construindo o tecido através de práticas ancestrais de tecitura ou na performance em si. A memória, o gesto e a representação deste corpo, a faz colocar-se como artista-sujeito de sua narrativa. Sua pesquisa plástica, mergulha no diálogo entre o bidimensional e o tridimensional, o plano e o volumétrico, imagético e material. Kasting utiliza objetos descartados, orgânicos ou industriais, que assumem sua função performativa.

Carolina Kasting, nascida em 12 de julho de 1975, em Florianópolis, SC, Brasil, tem formação em dança, artes cênicas, fotografia analógica e laboratório p&b.
Multiartista, utiliza diferentes meios no seu trabalho, como a fotografia, vídeo, performance, pintura, escultura e tecitura.                   Estudou na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, de 2004 à 2016, com Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger e Iole de Freitas. Participou de mostras coletivas e individuais em instituições públicas e privadas.

Em 2019 ingressou no coletivo Casa Voa, Gávea, Rio de Janeiro, onde tem seu ateliê. Em 2021, realizou a mostra individual, Tecitura: Corpos Litorais, pela galeria Particular, Vitória, ES, e a coletiva Coisas que Vem do Alto, com curadoria e texto da Casa Voa no Oasis. No mesmo ano, realizou a mostra individual, Quando a Sutileza é mais Forte, no Espaço Cultural Correios, Niterói, com trabalhos inéditos em performance, fotografia, pintura, escultura, objeto têxtil, instalação em vídeo. Neste ano, participou da SP Arte com as obras, Baleia (foto performance) e Mão-doar (escultura) e em 2022, com a obra Meia Invisível (foto-performance com objeto) pela Particular Gallery. No final de 2022, realizou a mostra individual Corpo: Território Poético, com curadoria de Ana Carolina Ralston, pela galeria Almeida Prado, São Paulo.

http://www.carolinakasting.com

Manager / Átila Migliari contato@amcompany.com.br